Hoje, logo de manhãzinha recebi a triste notícia do falecimento de Paula, 20 anos, filha de minha vizinha, vítima de acidente e prostrada em dor pensei o quanto nossa vida é efêmera. E culminando a minha reflexão abro esse e-mail sobre um poema de Saramago, que veio de encontro ao que eu refletia. Calou-me profundamente, pois eu não o conhecia. Achei por bem postá-lo.
É
breve, é pequena, a distância que separa o avô do
neto.
Feito o arado que rasga a terra, a passagem do
tempo deixa sulcos na alma e no rosto.
“As
viagens sucedem-se e acumulam-se como as
gerações;
Entre o neto que foste e o avô que serás, que
pai terás sido?”
José
Saramago
A
única coisa que nós temos de fato é a vida.
E
com ela podemos fazer tudo, ou nada.
Pais,
filhos e netos.
No
fim das contas, cada um tem que caminhar com seus próprios
passos.
Buscar
uma experiência de significação, trilhar a senda do
autoaperfeiçoamento.
A
vida é um instante, um sopro.
Quantas
gerações já vieram e se foram, quantas ainda virão e igualmente
passarão...
Menos
de uma hora de vida.
O
primeiro beijo.
Há
quem sustente que é o amor das mães que mantém o mundo em seu
eixo.
Memórias
poéticas e afetivas.
Os
pequenos gestos e instantes que revestem de beleza e ternura o
tempo.
Nos
vagões da existência terrena, por um breve instante
passeamos.
O
ato de observar é a única chave que
abre a porta dos mistérios.
A
paisagem de fora, a vemos com os olhos de
dentro.
A
paisagem é um estado de alma.
Na
realidade, o que vemos está em nós.
Não
vemos o que vemos, vemos o que somos...
“Se
podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
Ter
olhos para a beleza do céu, para a poesia das nuvens.
Cultivar
a quietude do espírito como potência de transformação.
Ter
um olhar capaz de discernir a beleza invisível.
A
filosofia oriental nos ensina que a mais bela imagem não tem
forma.
Resgatar
a beleza, a poesia e a espiritualidade capazes de suavizar a nostalgia do
Absoluto.
Cultivar
a magia e o encantamento de se estar no mundo.
Cativar
a via do Silêncio dentro de nós.
Esta
existência terrena é uma oportunidade de despertarmos da letargia e do sono.
Esta
existência terrena é a infância da Eternidade.
Uma
oportunidade para nos aproximarmos da Pura Luz que habita nossa finitude.
Felizes
os que aproveitam com sabedoria a preciosa aventura que é o
existir.
Feliz
o olhar capaz de discernir a beleza do invisível...
Em comoção, ainda estou!