Maturidade: a palavra não me assusta, mas dá-me a compreensão do aprendizado rumo à sabedoria. Sabedoria que nos completa a ponto de dizermos;"queria ter essa cabeça no meu corpo de 18".
Penso que a maturidade é o caminho para a calmaria do furor da adolescência e das paixões avassaladoras da juventude. Como já havia dito, fui morar no Rio de Janeiro, casei-me lá e, pelo Tony que não queria que seu primeiro filho viesse após a pílula, novidade com muitos rumores, já engravidei. Prestes ao nascimento, as embaixadas foram transferidas para Brasília e lá foi Tony preparar nosso apartamento e eu fui para a casa de minha mãe, para dar à luz, mesmo porque lá havia o apoio de todos os nossos familiares, o médico e o hospital conhecidos. Olha só minha primeira filha: Vanessa, foto tirada na Embaixada da Alemanha.
Moramos pouco tempo, praticamente, mas foram anos de intenso aprendizado e prosperidade. Logo que cheguei, havia sido anulado um concurso público para professores e na nova inscriçao, fiz o concurso público para dar aulas e consegui passar. Trabalhar foi a minha paixão ,minha desenvoltura e meu dinheiro. Que felicidade! Com meu primeiro salário comprei uma máquina de costura para minha mãe: Vigorelli Robô e uma máquina de lavar roupas. Que realização!!! Minha primeira classe ficava no Engenho das Lages, área rural, onde havia uma extração de areia, na divisa do Distrito Federal com Goiás e só tinhamos a carona como meio de transporte. Olha só, éramos três professoras, numa mesma sala, dando aulas. Fomos tão abençoadas que muitas vezes as pessoas desviavam seus caminhos para nos deixar em casa. Nunca nos aconteceu nada. Intenso aprendizado na profissão.
Ficamos um ano lá e logo fomos para a cidade. Foi muito legal e não me esqueço do cuscuz que a merendeira fazia. O que mais me chama a atenção é que recebíamos muita gente que iam nos visitar em casa; eram parente próximos, amigos e por incrível que pareça, por eu morar lá, há quase que uma comunidade de professores que permaneceram e lá estão até hoje. Até a irmã caçula, a da foto, de minha mãe foi morar lá, mas sairam depois que eu saí.
Eu amava morar em Brasília; não me importava em nada o fato dela estar no meio do Brasil, tendo como únicas vizinhas as cidades de Goiânia e Anápolis. Acrescentei ao meu curso Normal, mais um ano com "Estudos Adicionais". Era só felicidade. Quando engravidei novamente e cursando a faculdade, veio o convite para Tony vir aqui onde estou até hoje, com proposta melhor de salário, maior segurança, pois a cada mudança de embaixador era aquela inquietude e também para não desapontar o irmão que era pedido dele, Tony aceitou o convite. Muito a contra gosto eu vim. Chorei uma semana, inconformada de deixar meu trabalho e a cidade que eu amava, para estar aqui, numa cidadezinha, provinciana. Eu sentia que estava regredindo. O lugar que ficava a casa em que eu ia morar era a vila particular dos donos da empresa, típica vila italiana com imensos gramados, jardins com caramanchões espalhados, lago, quadras de tênis. Só atrás da janela do meu quarto haviam sete palmeiras imperiais, lindíssimas e na frente da casa um pé de jatobá gigantesco. Bem, nasceu Randall e com isso fiquei um ano parada cuidando dele. E a vida foi se ajeitando. Nas férias , sempre viajávamos para o Rio, para Brasília, para a praia. Foram tempos de prosperidade e morando nessa vila, vinha gnte prá caramba nos visitar. E quantos, por estarmos aqui, vieram e permanecem aqui até hoje. Muito interessante!
Lembrança de nossas férias. Ventava tanto e estava nublado aqui no Corcovado, que parecíamos flutuar,nesse dia. Fomos a uma infinidade de museus.
Outra lembrança: voltamos à Brasília para que Vanessa e Randall a conhecessem. Jogando moeda no lago que separa a residência oficial da presidência. Qual desejo? Adivinhem!
Voltei a dar aulas e na primeira oportunidade de prestar concurso púbico eu prestei, passei e minha vida aqui profissionalmente ficou melhor, pois fiquei efetivada com classe para sempre, até no dia de me aposentar.
Viagem para Itaipava. Aqui Serra dos Órgãos para conhecer o pico Dedo de Deus. Esse casal maravilhoso: Maria luiza e Adenildo, meus compadres de Itaipava, moraram conosco em Brasília e éramos como irmãos. Amizade solidificada que a distância não esfriou. Foi para Itaipava que tentei morar quando me aposentei. Morei lá um bocadito.
Bem, a vida transcorria bem, morávamos com muita beleza e conforto, mas eu sempre inquieta para ter meu cantinho, a minha casa e começamos a luta para obtê-la. No dia 10/06/1983 , deixando os outros na outra casa, Tony e eu a inauguramos, e como!!! Resultado: fiquei grávida de Raïssa.
Essa foto é atual, mas ela tinha muro baixinho imitando fazenda, com mourões, na frente. Os ciprestes italianos eram do tamanho do Tony.
Mudamos para essa casa e nela também vieram muita pessoas a nos visitar. Pessoas que não víamos há décadas e décadas. Pessoas que vieram e ficaram na cidade. A família do Tony, também era assídua e os Natais eram eram lindos e sempre com a casa decorada e cheia. Logo que me mudei para essa casa, também consegui minha remoção da escola para a escola do bairro em que eu morava. Era uma bênção. As crianças cresceram. Os empregos do Tony, também mudavam, e até que um dia recebi a notícia: ia ser vovó. Eu fiquei tão feliz porque minha mãe havia alcançado ser bisavó que dizia pra todo mundo que minha mãe ia ser bisavó, me esquecendo que eu ia ser avó. Randall não se casou, mas quis muito a criança. Tentaram viver juntos, mas ela preferiu outro tipo de vida e me deixou Gabriela que acabou sendo e está sendo criada por mim. Meu sonho de aposentadoria se concretizou e logo quis mudar-me para as montanhas de Itaipava, R.J. Pusemos a casa à venda e Randall com Tony foram morar lá. Eu não fui porque aposentada no estado mas eu trabalhava num colégio particular e não queria perder aquela boa fonte de renda. Resumindo: fui demitida e arrumei as malas para estar com eles. Aqui ficou minha mãe com minhas duas filhas. E íamos e vinhamos. Minha mãe faleceu e não deu um ano da morte dela, Tony também faleceu. Veja aqui . "Não dá mais prá segurar: explode coração"!!! Encerro assim.