segunda-feira, junho 06, 2011

SAWABONA - SOBRE ESTAR SOZINHO


SAWABONA - Sobre o direito de estar sozinho

Por Dr. Flávio Gikovate

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.

Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher: ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria.

Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.




O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração.

Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.

O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.

Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.

E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.



Foto da querida Eva

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso.

Ao contrário, dá dignidade à pessoa.

As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.



Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro.

Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.

Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...





SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer:

"EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO,

VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".

Em resposta as pessoas dizem:

SHIKOBA que é

"ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ"
(Fotos: Google Image)


Flávio Gikovate é médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
* Aqui vale lembrar que na tentativa de ajudar um irmão, há muitos anos atrás, desesperado com a separação, Tony e eu, dissecamos a teoria dos opostos do Gikovate e sem perceber melhoramos por demais nosso relacionamento. Hoje Gikovate tem esse discurso.*
































5 comentários:

chica disse...

Maravilhoso esse texto do Flávio e faz muito bem a todos lê-lo...Obrigado por compartilhar! Quanto ao comentário no blog, quisera eu também ser daquele jeito...Falta muiiiiiiito ainda e nem sei se terei tempo,rsrs beijos,chica

Unknown disse...

Oi, Maria Luiza!
Importante conhecer este estudo. Claro que nem sempre desejamos estar sozinhos, mas é porque esse é um estado de "estar" que não necessariamente significa "ser". Obrigada!
Ana

Ivani disse...

Maria Luiza,adorei esse texto!
Gosto muito do Flavio Gikovate.
Obrigada por compartilhar!
Tenha uma linda semana.
Bjs
Ivani

Evanir disse...

Querida Amiga..
Venho fazer uma visitinha deixar meu carinho e avisar que você é uma das homenageadas no meu blog.beijos em seu coração obrigada pelo seu carinho sempre comigo beijos,Evanir.

Lucinha disse...

Maria Luiza,

Arrasou! Não sei por que eu não havia visto esse post. Perdoe-me!
As imagens são lindas e já falam por si.
Precisamos amar e mais amar o próximo.
Que mundo é esse minha amiga. As vezes chega a assustar. Misericórdia de nós Senhor!

Sawabona! Shikoba!

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